M&G: Ivy Walker

Ivy Walker é a protagonista do filme “A Vila”, que chama a atenção de todos por seu enredo cativante e surpreendente. E isso fica bem claro quando conhecemos o Ivy Walker, grupo formado por mario maria (Mario Cascardo) e Babality (Romulo Moraes e Lucas Stamford). Com um disco já lançado e  um acordo com o selo Cloud Chapel, os meninos estiveram em uma turnê peculiar no fim de 2015. Tocando em  apartamentos  de quem tivesse interesse em sediar um show, eles visitaram grandes amigos e espalharam ainda mais suas músicas Brasil afora. E nós da Vinil batemos um papo com o pessoal do Ivy Walker para saber mais sobre a banda e seus objetivos:

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Como surgiu a fusão das bandas?

Mario– Eu tinha o mario maria desde 2009;2010. Assim que a gente se conheceu pela internet, começamos a falar de música e da ideia de tocar juntos. Primeiro houve uma participação do Babality numa apresentação do mario maria , e aí começamos a gravar coisas juntos.

Romulo– Primeiro, pensamos em gravar um disco colaborativo do Babality com o mario maria.

Lucas– Mas no processo vimos que começaram a surgir coisas diferentes das duas bandas anteriores.

Romulo– Aí veio a necessidade de usar um nome diferente.

E nos shows vocês tocam músicas das bandas separadas?

Mario– A gente procura tocar mais as músicas do Ivy Walker. Mas como ainda estamos no primeiro disco e algumas músicas ainda não sabemos direito como apresentar ao vivo, tocamos algumas do mario maria e Babality

Romulo– Algumas músicas do CD são impossíveis de serem tocadas ao vivo.

Mario– E como lancei um disco ano passado, tocamos algumas dele, porque ainda tá recente e é uma forma de promover o mario maria.

E a Babality, começou como?

Romulo– A Babality começou em 2013. Era um projeto mais puxado para o vaporwave. O primeiro disco foi mais uma piada entre a gente, fizemos em 4 dias.

Lucas– A gente nem tinha se encontrado pessoalmente quando gravamos! Eu conheci o Romulo no cinema!

Romulo– Aí o segundo disco a gente começou a pensar melhor, e ficou um disco bom até. O primeiro disco não é bom, foi uma brincadeira.

Lucas– O segundo foi um experimento mais interessante.

Como vocês dialogam o que querem gravar, quais rumos tomar?

Romulo– Cada um de nós está num projeto meio solo agora,  e quando soltarmos essas coisas acho que vai ficar mais claro as diretrizes de cada um. O Lucas trabalha mais com a guitarra, eu com a colagem e os samples, o Mario com a parte da canção mesmo. Separado isso é bem claro.

Mario-Tem músicas que criamos após ficar trocando samples, trechos, e aí tocamos algumas notas em cima e vamos trabalhando nela.

Romulo– A gente procura tocar o que gostamos, como uma forma de homenagem.

Mario– Mas não tem uma regra. Tem coisas que componho no teclado e quero levar pro Ivy, outras no violão e que acho que combina mais com o mario maria. Mas nada muito certo.

E os elementos fora do mundo da música, que vocês gostam de usar, como a Caverna do Dragão, coisas da década de 90, etc?

Romulo– A gente fala sobre religião também, coisas que ficam na nossa memória, e são indescritíveis, mas remontam à nossa infância. Sentimentos que guardamos e são bons de recuperar.

Mario– Também é uma atitude não muito premeditada, acho que essas referências são consequências da nostalgia que as músicas já geram por si só, e nós só aproveitamos para colocar aquele algo a mais. Nós adicionamos se sentirmos que vai servir como um complemento.

Romulo– Só usamos o que encontramos enquanto estamos fazendo a música, se não, fica forçado. Por exemplo, o Ayrton Senna, nós gostamos dele, mas não faria sentido se basear nisso para produzir uma música.

Mario– Por exemplo, a música não tem nada sobre o Ayrton, mas aproveitamos o clima que ela já tinha para trazer essa nostalgia dele.

Lucas-A canção serve pra  associar uma memória de reminiscência que sintonize com a própria música.

E como vocês se envolveram com o selo, a Cloud Chapel?

Mario– Foi depois do primeiro disco que lancei, ano passado. Mas eu já falava com o Stan desde 2012 sobre gravar alguma coisa. Então é uma coisa recente, temos esses meu primeiro disco que só saiu em 2014 e agora o do Ivy.

Lucas– Depois desse disco do Mario, o Stan pediu um da Babality, e começamos a gravar com o mario maria. Vimos que não eram composições próprias de nenhuma das duas, mas sim de uma nova banda. Tudo começou com esse convite.

E no selo todo mundo tem a mesma pegada, o mesmo estilo?

Mario– Em proposta sim, todo mundo produz “música de quarto”.

Romulo– Todas fazem esse “pop meio esquisito”, mas as bandas são bem diferentes entre si, principalmente porque algumas foram mudando com o tempo.

Lucas– Acaba que no fim , na verdade, todas compartilham só essa ética de música de quarto, que está mais ligada à produção.

Fora a turnê, vocês tem se apresentado muito?

Mario– Na verdade, tirando a turnê, acho que foram só duas apresentações.

Romulo– Dentro da turnê, já foram três. Mas eu não gosto muito de fazer show, acho meio desnecessário por conta do que eu faço na banda. Não julgo o show algo necessário para a música, ele tem que ser algo que você goste de fazer. Hoje, por exemplo,tem pouca gente, muitos  amigos, nos sentimos à vontade.

Lucas– Isso é o legal de tocar na casa dos outros, que é a proposta da turnê.

Como surgiu a ideia da turnê?

Mario– Há uns anos atrás, toquei na casa de uma amiga. era aniversário dela. Também tinha pouca gente, uns 50 amigos. Foi uma ideia que surgiu aí, mas nunca teve um pretexto para ser posta em prática. Agora, nesse contexto que junta o clima de quarto, o selo, ganhou mais força de rolar.

Vocês acham que tem um público-alvo? Conseguem traçar um perfil de quem escuta o Ivy Walker?

Lucas– Acho que é um grupo composto de amigos mais as pessoas que gostam do que você gosta e percebem o que você tá fazendo.

Romulo– Nossas músicas são leves, tranquilas. Se a pessoa for receptiva a isso, acredito que ela vai gostar. Não é um público muito fechado, até porque as pessoas geralmente tem uma abertura de imaginação parecida com a nossa, um tom consonante.

Lucas-São como uma carta de presente para nossos amigos, mas sem um destinatário certo.

Confira aqui um trecho do show que rolou logo em seguida:

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